terça-feira, 8 de setembro de 2020

8 DE SETEMBRO - DIA INTERNACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO

O dia 8 de setembro foi declarado dia internacional da alfabetização pela UNESCO em 26 de outubro de 1966, na 14ª sessão da conferência geral da UNESCO. Foi comemorado pela primeira vez em 1967. Seu objetivo é destacar a importância da alfabetização para indivíduos, comunidades e sociedades.


Falar em Alfabetização é falar de Paulo Freire.

Data de nascimento: 19/09/1921.

Data de falecimento: 02/ 05/ 1997.


Paulo Régis Neves Freire Paulo Reglus Neves Freire foi um educador, pedagogo e filósofo brasileiro.

É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação Brasileira.

Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Autor de Pedagogia do Oprimido, livro que propõe um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.

Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América; e recebeu diversos galardões como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz em 1986. Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.


"Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho."

 

"Que é mesmo a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder minha opção ou meu medo de acusar a injustiça?"


"Lavar as mãos" em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele."


"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."


"Os negros no Brasil nascem proibidos de ser inteligentes."


"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."


"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria."


"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção."


"Não se pode falar de educação sem amor."


"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."


"A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade."


"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade."


"O Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização, implantado durante o regime militar) nasceu para negar meu método, para silenciar meu discurso."


"A democracia não pretende criar santos, mas fazer justiça."


"Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas circunstâncias."


"A educação já foi tida como mágica, podia tudo, e como negativa, nada podia. Chegamos à humildade: ela não é a chave da transformação da sociedade."


"Importante na escola não é só estudar, é também criar laços de amizade e convivência."


"Mudar é difícil mas é possível."


"O ser alienado não procura um mundo autêntico. Isto provoca uma nostalgia: deseja outro país e lamenta ter nascido no seu. Tem vergonha da sua realidade."


"Um dos grandes pecados da escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada."


"A escola será cada vez melhor, na medida em que cada ser se comportar como colega, como amigo, como irmão."  

 

“Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.”


“A leitura do mundo precede a leitura da palavra.”


“Me movo como educador, porque, primeiro, me movo como gente.”


“O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz o seu saber.”


“O diálogo cria base para colaboração.”


“Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender.”


“Onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender.”


“Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo.”


“Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.”


*** Entendeu os motivos pelos quais Paulo Freire desperta paixões e ódios?

A resposta depende de que lado da história vc se encontra...


Opressores x oprimidos!!!!

😉💪👊😘

sábado, 22 de agosto de 2020

22/08 - Dia do(a) Educador(a) Especial

 22 de abril - Dia do Educador(a) Especial


Sim, ainda existimos!


As datas comemorativas são convenções sociais, de natureza cultural, política ou econômica.

Criadas para homenagem, informações, visibilidade, com objetivos de conscientização ou diálogo com a sociedade.

Dentre as datas comemorativas temos os dias destinados a dar visibilidade a segmentos profissionais.

Questiono a necessidade de estipularmos datas para se produzir reflexão. Seria uma chamada de atenção? Um "Hei, olhe"? Se tal tema precisa de uma parada e uma chamada de atenção, será que diariamente tem tido atenção? Como estão sendo produzidos, construídos, investidos e valorizados esses espaços  que precisam ainda de um dia de atenção? Talvez, me sentisse mais valorizada se não precisasse mais de um dia para "minha homenagem"?!

Temos até lei que regulamenta a criação de "Datas Comemorativas" - Lei Nº 12.345 de 9 de dezembro de 2010. Ou seja, uma data comemorativa precisa ter “alta significação para os diferentes segmentos profissionais, políticos, religiosos, culturais e/ou étnicos que compõem a sociedade”.

Então, tivemos o 21 de Março, da Síndrome de down, o 02 de Abril, do Autismo, o dia 26 de junho, o Dia Mundial das pessoas Surdocegas. Temos a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, de 21 a 28 de agosto. Hoje, 22 de agosto, Dia do(a) Educador(a) Especial. No dia 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo e no dia 03 de dezembro o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Estamos bem homenageados, em número de "Datas Comemorativas" mas, como estamos produzindo,  construíndo nossos espaços sociais?

Educador(a) Especial é aquele(a) profissional que se produz professor(a) de Educação Especial, para aquela parcela da população descrita como deficiente. Não pretendo, neste momento,  refletir sobre "padrões de deficiência", criados/produzidos socialmente ou descritos/ identificados por CIDs.

A função "professor" já está amplamente descrita, comumente conhecida por todos mas, que tem ganhado novas atribuições/ responsabilidades dia após dia. 

Sinto-me autorizada, pelos mais de 15 anos de atuação, a lançar algumas reflexões sobre ser e estar Educadora Especial.

- Não tenho um dom divino, muito menos realizo milagres. Me constituo de estudos, muitos, cada vez maiores, sobre as mais diferentes áreas da ciência.

- Sou professora de educação especial. Minha faculdade consiste em uma licenciatura, tive, tenho e terei sempre o chão da sala de aula como referência.

- Não pago as contas com amor ou carinho apesar, de sentir grandes sentimentos pela minha profissão, preciso e luto por valorização salarial.

- Não sei tudo. Sou sujeito inacabado. Porém, não tenho culpa das frustrações de colegas professores e/ ou de familiares pelo rendimento de meus alunos. Faço o possível e o impossível me dêem mais 5 minutos, kkkk...

- O resultados são dependentes do engajamento familiar, da oferta de outros atendimentos e do desejo de uma escola, verdadeiramente, inclusiva.

- Tenho um vasto currículo mas, que se apequena sempre, com a chegada de um caso novo. Acreditando, na singularidade do sujeito, me reciclo a cada novo aluno.

- Sim, estive em muitos lugares e estarei em sabe-se lá quantos outros. Em cada lugar, um leque de experiencias boas e nem tão boas assim mas, que me fizeram ser o que sou hoje. Plantei sementes, que não vi germinar, outras que dão frutos mesmo após a partida.

- Tive conquistas e derrotas! Mas, estou em pé! Para alegria de alguns e tristeza de outros. Nem sempre foi fácil mas, quem disse que seria? Nem sempre tive apoio, nem sempre estive certa e quando estive, nem sempre me compreenderam. Sofri perseguição, assédio moral e sabe-se lá quantas outras violências. Não é fácil defender o óbvio! Já tomei pau, já limpei vômito e bunda, já fiquei de luto. Ou abraça ou cai fora!

- Não tive e não tenho medo de recomeçar. Pois, foi sempre assim... um eterno recomeçar! Mas, ainda sinto aquele frio na barriga a cada novo projeto, como se fosse o primeiro. E, digo-lhes, é sempre como se fosse o primeiro! Penso, Planejo e executo com o mesmo comprometimento pois, meu "cliente" é gente e gente não merece menos que o máximo! Sei que tudo o que eu fizer vai ser determinante para na vida de alguém.

- Tenho preferências, tenho ideologias, tenho crenças mas, acima de tudo, tenho fé! Não espere de mim neutralidade, muito menos omissões. Tarefa dada é tarefa cumprida!

- Sim, passei por todos os lugares... escola especial, coordenação pedagógica, implementação de sala de recursos, equoterapia, tutoria de ensino à distância (formação de professores), de novo implementação de sala de recursos, implementação de centro de apoio, de novo coordenação pedagógica, sala de recursos multifuncional, de novo implementação de sala de recursos. Não, eu não tenho 100 anos, kkkk...

- Já fui tachada de "poderosa", que "opera milagres", "que se acha", motivos de "pauta da rádio corredor", "encrenqueira", "polêmica", " radical", "bocuda", "insubordinada" e outros tantos adjetivos empregados.

Somos aquelas que estão em universidades, escolas comuns - salas de recursos, escolas especiais, centros de apoios, clínicas, equoterapias, cinotetapias, classes hospitalares, brinquedotecas,  etc. Somos aquelas que ainda acreditam que é possível um mundo mais humano, numa escola que consiga acolher e num ser humano que consiga minimamente respeitar o outro.

Muitas vezes, nossa presença desacomoda, incomoda, perturba e, assim como nossos alunos, também acabamos excluídas dentro da escola. Ocupamos o lugar de culpa, facilmente somos responsabilizadas pelo fracasso de um sistema, de uma sociedade, de uma escola e de um grupo de professores... Mas, nossos ombros são largos!

Nem sempre é fácil e parece caminharmos sozinhas!

Poderão nos perguntar as razões que nos levam a continuar e certamente não teremos uma resposta rápida, objetiva etc. Contudo, nenhuma conseguirá achar razões para abandonar! Hoje, refletindo sobre estas escolhas, olhando para esta trajetória, percebo que, apesar de todas as dificuldades, que só quem é da área entende, essa foi a escolha certa, do meu" número" pois,  não sei fazer outra coisa a não ser lutar pelo respeito às diferenças, igualdade de oportunidades, justiça ...Muito já caminhei contudo,  a sensação é de que muito mais tenho para andar. Muitos caminharam juntos,  alguns desistiram, outros mudaram de caminho...


Desejo um dia lindo, de profunda reflexão sobre o lugar que nos permitem ocupar neste momento político do país!

#UmaBoaLuta

💪👊😘

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Sinais?

Textão da madrugada...

Sinais?!

Não sei se isso é comum mas, comigo aconteceu e nos momentos mais difíceis, ainda acontece. Parece uma senha, um sinal, que o "Cara lá de cima" dá, para chamar minha atenção, jamais no sentido de repreensão mas, talvez num sentido de continue a caminhar. De alguma forma, nesses momentos de "crises", sejam elas por qual forem os motivos, encontro com pessoas que se tornam especiais. Especiais nos mínimos e menores detalhes, num "Oie", ou "estou com saudades, está sumida", "estou aqui para o que precisar, seja lá para o que for tá?!", ou as mais atrevidas "Vamos lá, vamos recomeçar,  vamos ver o que dá para fazer". Especialistas em se fazerem presentes, sem questionar, sem apontar, sem julgar. Amar as criaturas em suas incompletudes, apenas por amar! Amar ao outro e a todas as criaturas,  transcende textos sagrados e está intrínseco em seus seres. Até acredito, que muitas dessas pessoas especiais, nem conheçam dogmas religiosos pois, estão libertas das condições humanas impostas para as existências, que determinam lugares, posições, comportamentos, elencados por julgamentos superficiais e mesquinhos. Como essas pessoas especiais alimentam meu espírito de esperança! Como as utilizo, mesmo que elas nem saibam o quanto são caras, como combustível para a resistência e a resiliência em um mundo tão frio, áspero e despertador de ódios. Nem sempre é fácil o lugar que nos permitiram ser e estar no mundo, mesmo considerando alguns privilégios em relação à algumas outras existências, não é fácil! E quem disse que seria? Aceitei as provas, ainda que a providência divina não permita que lembre quais são mas, não vou me desviar delas. Toda a frágil sorte é estar conseguindo, em meio à tantas inquietações, ler os sinais. A amizade é um sinal do mundo espiritual que jamais estamos sozinhos e que o mesmo Deus/ Cara lá de cima  que habita em mim, habita em alguns/ algumas outras.

Às 05:00, lembrei de um texto que uma pessoa especial me enviou e que eu não havia tido tempo para ler...."Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo." (GLORIA ANZALDÚA, 1981). Escrever é uma forma de existir em uma sociedade que não considera grande número de existências. Uma forma humana de driblar a invisibilidade e dividir bagagens. Uma forma de resistência e resiliência! Uma forma de transcendência e de imortalidade!

Congelar investimentos na educação por 20 anos; Tirar autonomia e escolhas democráticas de reitores de universidades públicas; Cortar bolsas de ensino, pesquisa e extensão;  Zombar dos conhecimentos científicos produzidos por universidades e institutos federais; Ímpor escolas cívico militares; Fazer fusão, ou quase extinção da secretaria de educação especial do Ministério da Educação; Deixar um país com dimensões continentais,  gigantes riqueza e diversidade étnica/ cultural, sem Ministro da Educação; Atacar e constranger trabalhadores da educação com Fake News e propositura de lei para exames toxicológicos; Retirar direitos dos trabalhadores da educação,  permitir atraso, parcelamento  e falta de reajuste salarial por mais de 6 anos, deixando milhares de famílias  em situação  de miserabilidade, levando ao adoecimento massivos de uma categoria; Privação do direito à educação pública e de qualidade, excluindo através do ensino híbrido, milhares de crianças e adolescentes gaúchos da principal ferramenta de aprendizagem, punindo-os por não terem acesso aos recursos tecnológicos como os demais; Usar as escolas como aparelho ideológico do estado e as forças armadas como aparelho repressor do estado. Para um Estado facista, misógino, racista, homofóbico, corrupto, liberal e vassalo internacional. taxar livros é fácil demais!

Taxar livros é ferramenta de perpetuação das condições de opressores x oprimidos. É a negação do direito de conhecer outras formas de organizações sociais, inclusivas, garantindo o direito de existir com dignidade, independentemente de cor, credo, gênero. A taxação de grandes fortunas é impensável num país com sangue de colonizador. Onde uma minoria sente-se no direito de "possuir" vidas, impor sua cultura branca, européia, capitalista, patriarcal. Explorando forças vitais, tirando o último gás de vidas,  para acúmulo de capital e depois jogando - as à má sorte de serem nascidas na terra onde "se plantando tudo dá" -  plantado por muitos e dados apenas à alguns. Livros libertam! Precisam ser taxados e a educação pública arrasada para não criarem problemas à casa grande!

Conheci a pouco a pessoa que me enviou o texto. Pensando bem, não sabemos muito uma sobre a outra. Somente o que foi conseguido mostrar uma a outra, sem que o dedo indicador inquisitor questionasse. Contudo, o suficiente por enquanto,  para que eu goste dela e acho que ela goste um pouco de mim pois, parece que temos o mesmo Cara lá de cima habitando em nossos corações. Muito provavelmente, ela irá ler este post da metade para o final da manhã, durante seu café ou tragando seu cigarrinho, kkk...  

E assim tem sido essa travessia, em cada trecho uma paradinha para reconhecer os sinais e recomeçar a caminhada.

#UmaBoaLuta

💪👊😘

sexta-feira, 31 de julho de 2020


Estou cansada!
Antes que vcs construam um questionário sobre as razões e alguns julgamentos, eu explico.
Estou cansada, pq estou cansada de defender o óbvio!
De falar para quem tem ouvidos mas, não aprendeu escutar!
De me importar, pelo que quase ninguém se importa!
Algumas coisas essenciais em nossas vidas foram banalizadas e outras inaceitáveis naturalizadas.
Tenho 36 anos, sete meses e 16 dias. Talvez jovem em relação às minhas avós, meia idade em relação ao meu filho e velha demais para aceitar alguns novos comportamentos socialmente aceitos.
Não! Isolamento social provocado pela pandemia não pode ser responsabilizado pela insensatez. Muito menos pelo direito de agredir, xingar, humilhar, ameaçar, julgar, difamar. Acredito,  que talvez o isolamento tenha oportunizando condições e tempo para a utilização das redes sociais para exposição da baixeza moral!
Aliás,  desde a última eleição,  tornaram apreciável à alguns, a baixeza. Parece que a violência foi autorizada e tornou-se motivo de orgulho e ostentação social.
À todos, sem exceção, foi dado o livre arbítrio.
Nossas escolhas, nossas palavras, nossas atitudes, fazem com que avançamos ou não, nossa evolução moral e espiritual. Isso vale para os comportamentos nas redes sociais, considerando esta, como ferramentas de ódio, de amor, de intrigas, de amizades, de crescimento, de ruína, de solidariedade, de oportunismo, etc.
Os óbitos por COVID 19, no Brasil, estabilizaram em 1.000 mortes diárias. Entretanto, o tema em destaque semanal nacional, foi uma campanha publicitária da Natura.
Em que momento, o que as pessoas fazem ou deixam de fazer com suas genitárias tornaram-se mais importantes que o cuidado, a proteção e o amor dessas por seus filhos?
Em que momento, eu, vc, nós, nos autorizamos invadir um núcleo familiar e palpitarmos sobre a sexualidade de seus membros?
Em que momento, nos tornamos tão hipócritas, invasivos, moralistas, preconceituosos,  homofóbicos, que passamos a dar prioridade de importância a vida sexual de outros, ao invés de problemas sociais crônicos. Motivados por um modelo social imposto, patriarcal, machista, que fez do sujeito "pai" alguém que pode, se assim desejar, abandonar financeira ou emocionalmente, sem que seja julgado. No entanto, esse mesmo modelo social, permite o apontamento, o julgamento, a violação de direitos, a violência e a morte, apenas pelos motivos de existirem e se reconhecerem enquanto LGTBs ou mulheres.
Sofro, neste momento, de profunda "preguiça social". Não será somente o COVID 19 que fará com que voltemos diferentes mas, os posicionamentos assumidos, expostos e escancarados nas redes sociais, que dizem muito sobre as pessoas. 
Ana Paula 
💪👊😘

sábado, 25 de julho de 2020

É HOJE!!!! *NÃO PERCAM*                                                                                                                                                                                                                                 👇🏽👇🏽👇🏽

✅✅ *LIVE DAS PRETAS DO COLETIVO SOBRE ELAS* ✅✅

*17:00*


🔸🔸 Transmissão pelo canal do youtube e página do Coletivo Sobre Elas do Facebook: 🔸🔸

▶️ https://www.facebook.com/coletivosobreelas/?eid=ARD-Rneb7KI1fI5QPsXeTA_LfEPa0oNFz8MO66-8ObbWeIAHvT6IFhjpgnUQXXzRt65EWfq3BdqyVD8f

▶️ https://www.youtube.com/watch?v=ZxAoizNSOzU&feature=youtu.be

Curta a nossa página e nosso canal e ative o sininho!

Dando ênfase ao #JulhodasPretas, à luta da mulher preta ao longo do processo histórico da formação do povo brasileiro, propomos a discussão e reflexão de questões sobre a importância do feminismo negro, suas autoras e a necessidade do entrelaçamento de gênero, raça e classe para termos um feminismo que emancipe todas as mulheres.

Participação: *Isis Garcia Marques*, bancária, Diretora da Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS e Secretária de Combate ao Racismo da Cut RS; *Cátia Velasco*, servidora do Judiciário e Feminista; *Nara Madruga*, professora de História da Rede Estadual de ensino e *Luciane Muller dos Santos*, Educadora Especial, professora da rede estadual, Intérprete de Libras.

Apresentação: *Josieli Miorin*, advogada, feminista, estudante de sociologia e Coordenadora Executiva do Coletivo Sobre Elas.

🚺🚺 *Estamos juntas!* 🚺🚺

#coletivosobreelas #julhodaspretas #antirracista #feministas

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Seguindo a cultura das "datas"...
Aos meus amigos e amigas,

Somos um pouco de tudo o que "provamos", somos um pouco de cada pessoa que passou, ou que ficou em nossas vidas. Dos que passaram, ficamos com exemplares geralmente, do que não queremos ser. Dos que ficaram, ahhh, os que ficaram... esses chamamos de amigos!

E temos tanto deles... temos risos, choros, trejeitos, músicas favoritas, jeitos de dançar, datas marcantes, barras seguradas... Tem aquele mais novinho, ou mais passadinho, gremista ou colorado, PTralha ou coxinha, playboy ou desleixado, estudioso ou descansado, marrento ou de boas, fitness ou da gordice, toc ou cachorreiro, preguiçoso ou aventureiro, do suco ou da cachaça, do samba ou do sertanejo, da gaúcha ou do Rock 'rool... Preto, branco, pardo, mulato, amarelo ou sei lá de que cor, seja ele hetero, homo, trans...

Estava pensando, nessas minhas andanças por aí, precisei me despedir muitas vezes. Recomeçar,  fazer novos vínculos e, novamente,  me despedir.
A função de educadora especial, em si, não te traz muitos amigos, morar numa cidade e trabalhar em outras, dificulta também.

Contudo,  estava pensando nos lugares por onde passei e nas pessoas que conheci... Tirei ou me tiraram para amiga as mais incríveis de cada Pago. Carrego comigo lembranças, saudades de jeitos de olhar, gaitar, cambalear, chorar, chingar, brigar, silenciar...

Algumas, partiram cedo de mais e as lembranças ainda são acompanhadas de lágrimas.

Quando nos despimos de preconceitos e intolerâncias, cabe bastante gente na vida da gente!

Feliz Dia do Amigo!
Em especial à minha amiga Priscila Turchiello, pela passagem de seu aniversário!
Ana Paula 
💪👊😘

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Boa noite!
Mais uma família santiaguense vive o luto por perder um ente querido. Essa é a segunda vítima do COVID 19 em nossa Santiago. 
Pouco?
Pq não é um dos teus!
Ganhamos bandeira vermelha! Onde os protocolos são mais restritivos e são permitidas somente atividades essenciais. A administração pública municipal,  que de início pareceu tão responsável e comprometida no enfrentamento do COVID 19, se reunirá amanhã com o Centro empresarial para juntos construírem o recurso  frente ao governo do estado, para retorno à bandeira laranja.
Não tenho experiência em gestão pública mas, confesso que fiquei bastante confusa com as declarações do prefeito. Não seria o caso, do Exmo Senhor Prefeito  estar se reunindo com os qualificados profissionais do Grupo Hospitalar Santiago?
Por favor, alguém pode me explicar o que um grupo de empresários entende de gestão pública de saúde? Número de pessoas contaminadas, número de óbitos e de leitos?
Infelizmente,  ficou visível até para os mais distraídos,  quais são os valores da administração municipal. A minha, a tua, as nossas vidas só valem o quanto pudermos consumir.
Na Terra dos poetas, Cidade Educadora,  cifrões valem mais que vidas!
Vergonha, asco, pena, pela forma como usam de cargos públicos para  a garantia de benefícios à elite, colocando em risco vidas de trabalhadores e trabalhadoras, de famílias inteiras, para proteger o capital.
Ana Paula Gatiboni Faccin 
😔💪👊😘

domingo, 12 de julho de 2020



Isolamento rendendo reflexões...

A luta de classes tem sido tema de oportuna e frequente reflexão pessoal. Tenho me ocupado desse tema particularmente, neste período de crises políticas, econômicas,  sociais, educacionais e de garantia de acesso aos serviços públicos em geral. Em razão do COVID 19 especificamente, aos serviços de saúde e assistência social devidos pelos Municípios,  Estados e União, à todos os cidadãos e cidadãs  brasileiros.
Somente se debruçando no estudo da "Psicologia das Massas" seria possível pontuarmos algumas manifestações coletivas de alguns nichos sociais, com olhar científico de pesquisadores. No entanto,  não tenho essa pretensão neste momento. 
Contudo, sinto necessidade de compartilhar com os amigos algumas reflexões. Como não podemos promover aglomerações, precisamos nos contertar com discussões em ambientes virtuais.
Ironicamente, a comunicação por meio das novas tecnologias e a utilização dessas tecnologias, como viabilizadoras de dispersão de ideologias, contitui-se em uma das questões  analisadas.
Bueno, começamos com a atual organização política de polarização. A extrema direita ganhou apoiadores  da conhecida direita, representantes de uma elite econômica, apoiadores do centro direita, representantes de liberais em ascensão e apoiadores classe média, resignados com sentimentos de não representatividade nos programas sociais dos governos populares e frustrados por não ascenderem ao patamar de elite brasileira, composta por executivos, industriais, agropecuaristas e políticos de carreira. Da esquerda, contabilizamos todo o restante populacional de servidores públicos, celetistas, informais, desempregados, pobres, agora miseráveis, que precisam de políticas públicas afirmativas e reparativas de direitos, política econômica inclusiva, programas/ linhas de créditos populares,  usuários dos serviços públicos de saúde,  educação, assistência social, usuários do transporte público...
Contudo,  como mencionado acima, a pequena elite brasileira ganhou o aporte eleitoral da direita, centro-direita e da classe média frustrada, possibilitando a representatividade no executivo e a maioria parlamentar no Congresso Nacional.
Mesmo sendo a maioria populacional, a classe trabalhadora está sendo esmagada pelo programa liberal instalado no Brasil. Existindo, somente pela tomada ao poder, a possibilidade de mudanças sociais e a seguridade de políticas públicas populares.
Porém, para tanto, a construção de uma consciência de classe se faz através da comunicação.
E quem tem o domínio dos meios de comunicação é a elite brasileira. Prova disso são o julgamento antecipado de Lula, pela maior emissora de TV aberta do país e a candidatura do Presidente Bolsonaro por Fake News e robôs disparadores de fake.
Não é de hoje que os meios de comunicação moldam a opinião pública, temos o exemplo da exploração feita por nazistas aos meios de comunicação de acesso das massas.
O facismo sempre se utilizou dos meios de comunicação de forma muito eficiente.
Mesmo que compreendemos a psicologia das massas e a importância fundamental da comunicação, levaremos muito tempo para conseguirmos utilizar os meios de comunicação como ferramentas que contribuem para a elucidação de fatos e verdades tidas como inquestionáveis pela extrema direita facista. Se é que um dia conseguiremos novamente à ascensão das massas ao Congresso Nacional e ao Planalto.
Enquanto isso, o projeto facista avança, destruindo o estado democrático de direito. O desemprego cresce diariamente. Trabalhadores são explorados, sem direitos trabalhistas ou previdência assegueada. O governo trabalhando à serviço privado, com bancos e grandes empresas lucrando com a política econômica neoliberal. Estado mínimo violentando os direitos constitucionais fundamentais da população. A violência sendo autorizada assim como, as mortes de pessoas negras, moradoras de comunidades. Mulheres, deficientes, LGTBs, povos da floresta estando desassistidos de políticas públicas. A educação pública sendo desmontada.
Aff! A convulsão social que experimentamos nos faz termos saudades dos tempos de paz e amor! Liberdade! Racionalidade! Democracia!
Ana Paula 
💪👊😘
#UmaBoaLuta

sábado, 11 de julho de 2020


39 anos atrás, em tempos difíceis, talvez um pouco mais obscuros que os tempos de hoje, o Cpers fincava a sua bandeira na Terra dos Poetas, fundando o 29º Núcleo Cpers Santiago.Uma valorosa geração de ousados professores, resistentes e resilientes, que enfrentaram as censuras e as violências de um regime militar, tendo a coragem de resistir, levantando uma bandeira sindical, no interior do estado do RS.
Bandeira esta que serve de manto, de lenço e de escudo para mais de 1.300,00 associados, que permanecem fortes e aguerridos, na luta contra os ataques liberais à escola pública. Fazendo a defesa do direito à educação pública de qualidade, à todos os nascidos neste chão. Defendendo os direitos dos trabalhadores da educação. Acreditando na educação, como oportunidade de superação  das gritantes desigualdades sociais de nosso país.

Não nascemos sindicalistas, nem conseguimos compreender tão cedo a luta de classes. No último um ano e meio, tive a oportunidade de conhecer pessoas e participar de algumas atividades sindicais com o 29º Núcleo e com o Cpers Estadual. Reencontrando experientes professores e professoras, hoje colegas, para sempre exemplos/ modelos profissionais. Conseguimos conviver, considerar, respeitar e valorizar experiências de nossos veteranos, somando a inquietação, o barulho e a rebeldia da juventude.

A Praça da Matriz, de frente ao Palácio Piratini e à Assembléia Legislativa do RS, em 2019, foi o palco para o maior levante da história do Magistério Gaúcho. De dezenas de ônibus, desciam trabalhadores  vindos de caravanas de todo o Estado, formando um formigueiro humano. Enfrentamos noites sem dormir, sol escaldante, chuvas torrenciais, cansaço físico e exaustão emocional. Choramos, cantamos, gritamos, abraçados embaixo da mesma bandeira amarela. Negligenciamos tempo com a família, compramos desgastes com colegas e direções de escolas. Expomos nossas misérias e vergonhas à sociedade. Suplicamos apoio das comunidades escolares. Denunciamos o projeto liberal de estado mínimo e suas consequências aos serviços públicos prestados à todos os cidadãos. Pedimos proteção espiritual e saúde, para a luta não abandonarmos. Dividimos o café, o chimarrão e todo o tipo de preocupação. Aprendemos a confiar, a cuidar e a contar uns com os outros, formando uma rede de solidariedade e conforto emocional.

Tempos difíceis, de retirada de direitos dos trabalhadores e de judicialização do direito constitucional de greve. Tempos de incertezas e de nenhuma segurança jurídica! Tempos de lutas!

E o que ganhamos? Ganhamos dignidade!

Obrigada, caros companheiros de lutas, por permitirem que eu esteja na mesma trincheira que vocês!
Obrigada por estarmos do lado certo da história!
Obrigada por sermos resistência e resiliência!
#UmaBoaLuta
Ana Paula Gatiboni Faccin



quinta-feira, 9 de julho de 2020

Bom dia!
Tenho andado bastante ocupada com o ambiente virtual. Contudo,  apesar de tantos assuntos refletidos, estou sem inspiração para a escrita.
Estou angustiada e triste! Ontem foi um dia difícil e hoje ainda não consegui levantar. Estou explorando e testando a plataforma de aprendizagem classroom. Ela é incrível!!!
Porém,  63,64% nos meus alunos não terão acesso. Não possuem os recursos tecnológicos para acesso à Plataforma e aos conteúdos que posso postar nela. Então,  continuarão sendo disponibilizados materias impressos para retirada na escola.
Este é o ensino híbrido proposto e imposto pelo governo do estado. Quem tem  tem, azar de quem não tem!
Fiz a contraproposta de enviar material impresso para todos pois, pelo menos no AEE, as ferramentas de aprendizagem iam ser as mesmas, me permitindo um certo alívio emocional em não estar sendo ou participando de tamanha injustiça e violência. As orientações da CRE são para que todos os professores postem na plataforma, sob ameaça de corte de efetividade. Sendo assim, meu pedido foi negado.
Ou seja, somos obrigados a contribuir, ratificar, com a pedagogia da exclusão! Com mais essa injustiça, violência institucional!
Pessoalmente, me sinto também violada pois, meus saberes teórico/práticos são dispensados e meu desejo de uma escola pública de todos para todos, como ferramenta de combate às desigualdades sociais, ignorado!
E mais, tenho muita dificuldade em obedecer regras impostas por ameaças, sem a devida reflexão e avaliação. Não gosto de andar de viseira, como cavalo de carroça. Não sou assim, não educo meu filho nem meus alunos para ser assim.
Estou com um nó na garganta e parece que vou passar a conviver com ele...
Ana Paula
😔💪👊

sábado, 4 de julho de 2020

Boa noite!
Para alguns, nem tão boa!

São mais de 64 mil mortes e mais de 1,5 milhão de infectados em nosso país.
Estou um pouco cansada, percebo que nem a ciência, nem a religião, nem a consciência, nem insegurança , nem, nem, nem ...
Nada faz com que Bolsonaro e seus seguidores tenham um lapso, um ato falho, um lampejo de razão e de sanidade mental.
Continuam agindo como os donos de todas as verdades, senhores de si e do universo. Sendo que, o universo é do tamanho de seus umbigos!
Tenho tentado me distanciar dos números mas, inevitavelmente, antes de dormir sempre consulto as informações do COVID 19. Talvez, numa remota esperança de encontrar números decrescentes de contágio.
À cada boletim, o retrato de um país entregue à uma história de colonização,  exploração, desigualdades sociais absurdas,  corrupção e más escolhas. São os pobres, os pobres negros, os pobres negros moradores ďe periferias, que endossam os números de vítimas do COVID 19.
A passagem do COVID 19, de norte a sul  leste oeste, do Oiapoque ao Chuí,  faz um inventário social de nosso país. Tudo encontra-se exposto!
Poucas questões expostas são motivos de orgulho, a começar pelo Senhor que ocupa a Presidência da República, seu comportamento irresponsável, descomprometido, desrespeitoso, criminoso, incompetente, doentio, autoritário, mentiroso, imoral, ignorante...
Sem falarmos das vergonhas expostas de seu rebanho. Pessoas de bem, tementes ao bom Deus, defensores da família e da moral, patriotas ferrenhos, se apropriando da máxima "Nem tudo que é legal é moral!" Mostrando, suas afinidades com o seu "Mito" e os mal hábitos através da prática da corrupção, do jeitinho, dos falsos moralismo ou pudor, do mal caratismo, cretinagem e canalhice.
Nunca fomos tão Brasil!
Nunca desejamos tanto não estarmos no Brasil!
Ana Paula
😔💪👊😘

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Boa noite!

Não sei se me sinto lisonjeada ou se compreendo as preocupações com o retorno das atividades escolares presenciais, como mais um movimento coletivo doentio da sociedade...

Os profissionais da educação vem denunciando, a algumas décadas, a negligencia estatal  com o  ensino básico em relação à estrutura física, carência de recursos humanos, desvalorização salarial dos profissionais da educação, insuficiência de recursos orçamentários assim como, de recursos tecnológicos para oferta do ensino formal e a manutenção das escolas. Premissas básicas, para a garantia da qualidade da educação, ofertada na rede pública estadual de ensino.

Porém, parece que somente agora, em meio à uma pandemia, a sociedade volta os olhos para as escolas. As redes sociais tornaram-se palco para os mais comoventes discursos, enaltecendo o papel dos professores e professoras, pedindo o retorno das atividades presenciais. Alguns posts menos tímidos, reconhecem as dificuldades na convivência familiar e no auxílio nas atividades remotas de seus filhos. De outro lado, discursos enganosos, de gestores irresponsáveis, propagandeando seus "feitos" para a garantia da educação em tempos de pandemia, num show de autopromoção e desconhecimento do real contexto educacional, social e econômico que os municípios gaúchos atravessam. Quem tem chão de sala de aula, sabe a real situação de cada aluno e sente uma lacuna intransponível, num curto período de tempo, entre o que se está sendo proposto e o que realmente poderá se efetivar. A sensação é de que estamos descolados dessa bonita história propagandeada pelo governo estadual.
Contudo, antes tarde do que nunca!
Recebemos com satisfação todos os cuidados e preocupações com as nossas escolas, tanto por parte da sociedade, como por parte do governo. Desde que permaneçam no período pós pandemia. Caso contrário, entenderemos como um rompante de desespero e saudades das babás de luxo!

Antes de promover inquietações, preciso assegurar alguns posicionamentos, para posteriormente, assegurar a compreensão dessa extensa reflexão.
- As tecnologias serão sempre, muitíssimo bem vindas, como ferramenta da aprendizagem, como suporte, apoio, às didáticas e metodologias de ensino dos professores. Quando utilizadas como ferramenta principal ou única, quando grande parcela dos estudantes não dispõe dos recursos tecnológicos, ela serve como ferramenta de exclusão, discriminação e acentuadora das desigualdades sociais latentes em nossa sociedade;
- A educação é direito fundamental, assegurado pela Constituição Cidadã, obrigatório e universal dos 04 aos 18 anos de idade, assegurados os níveis e modalidades escolares, de responsabilidade dos Municípios, Estados e União;
Ou seja,
- O Estado está transferindo sua responsabilidade com a educação escolar formal, para as famílias. Sem que estas tenham asseguradas as condições de ofertar uma aprendizagem significativa e de qualidade;
- Alguns milhares de alunos não dispõem dos recursos tecnológicos, alguns outros milhares não construíram ainda habilidades e competências para a utilização dos recursos tecnológicos de forma eficaz e suficiente;
- Outros tantos, não tem autonomia para a manipulação dos recursos tecnológicos e exploração dos ambientes virtuais de aprendizagem;
- Alguns outros, não são alfabetizados;
- Outros, não possuem um responsável com conhecimentos, letramento digital suficientes para auxiliá-lo no ambiente virtual;
- Alguns outros milhares não conseguem acesso à internet, nem à internet móvel, por morarem no interior, em distritos onde não há alcance dos serviços telefônicos ou de internet;
Contudo, parte significativa dos alunos das escolas públicas gaúchas vão ser penalizados por não disporem das condições de acesso aos recursos tecnológicos, utilizados como ferramentas principal, ou única, para aprendizagem escolar. Ao mesmo tempo, estas tornam-se requisitos para para ingresso e permanência na escolarização.
Estamos ratificando, contribuindo, sendo coniventes, quando nos submetemos e submetemos os alunos, a esta forma de aprendizagem excludente.
Os alunos com deficiência, com TEA e superdotados, pertencem (ou deveriam pertencer) à escola pública. Alguns, com as dificuldades listadas acima acrescidas as suas especificidades cognitivas, físicas, sensoriais, emocionais, etc.
O calendário escolar é flexível e não precisa acompanhar o calendário civil ou fiscal. O calendário precisa ser construído à partir de demandas locais, ou até mesmo particulares à uma única unidade escolar. Podendo ser suspenso, por tempo indeterminado e retomado com o alcance das condições apropriadas e seguras.
Não há necessidade de submetermos vidas ao risco de contágio, adoecimentos e óbitos em nossas comunidades escolares.
Quando retornarmos às atividades escolares presenciais, todos em segurança, será possível a realização de reformas e ampliações, o suprimento dos recursos humanos necessários, a implementação de modernos laboratórios inclusive, laboratórios de informática, formação/ letramento digital de profissionais e de alunos... Estaremos disponíveis, como sempre estivemos, para as melhorias pensadas por nosso governo.
Enquanto isso, sugiro que o governo se debruce em outras questões primeiras, como habitação, saneamento básico, condições sanitárias adequadas, água, luz, gás de cozinha, alimentação e vestuário suficientes e adequados à estação do ano, combate à violência doméstica, renda básica emergencial por quanto tempo se fizer necessário...
O COVID 19 traz à tona todas as carências e desigualdades sociais de nossa sociedade, já percebidas e combatidas pelas "soras". Que o COVID 19 nos deixe estampada as necessidades de políticas públicas que garantam os direitos fundamentais, inclusivas e abrangentes à toda a população, necessidade de geração de emprego e renda, devolvendo a dignidade e formas minimamente sustentáveis, salubres de existência. Que a escola seja palco do desabrochar de personalidades, onde a diversidade possa ser contemplada e valorizada, onde a qualidade seja buscada incessantemente, garantindo igualdade de oportunidades e reparação das desigualdades sociais.
Agradeço, às menções honestas em redes sociais e dispenso comentários motivados por outras intenções. 
Convido à todos, a se juntarem à defesa da escola pública de todos, para todos!
Ana Paula
👊😘


  

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Boa noite!
Hoje, me prestei para contar... Eu e o meu filho estamos em casa à 108 dias.
De forma alguma isso representa uma reclamação. Gostamos de permanecer em nosso ninho mas, não gostamos de pensar sobre as razões que nos possibilitaram permanecer em nosso ninho. Somos solidários, sentimos por e com todas as famílias que enfrentam a falta de alguém, ou alguns, em seus ninhos.
Algumas questões se tornam latentes e com um nunca visto, vivido, ou experimentado, tempo livre, elas se tornam insistentes.Talvez, escrevendo os pensamentos se organizam, ou não, pq dependendo da questão ela se arrasta e continuará a se arrastar por toda esta existência.
Num contexto de crises (epidemiológica, estrutural, política, econômica, ética e de valores), a visibilidade dos programas de governos assim como, das desigualdades sociais são inevitáveis.
Sobrevivemos, a um governo liberal, incompetente e incapaz de enfrentar e conduzir a nação num momento de crises, acentuando e criando novos e irreparáveis problemas.
O foco do governo federal é sobreviver aos danos causados por ele próprio!
Enquanto isso, milhares, milhões de brasileiros adoecem. Quase 60.000 brasileiros vem à óbitos. Estados e Municípios se obrigam a decidir, sozinhos, por diferentes formas de enfrentamento. Como se não pertencessem à mesma unidade federativa e não sofressem a circulação de pessoas, produtos e serviços em todo o território nacional. Alguns modelos de enfrentamento, parecem apresentar bons resultados,  outros nem tantos.
Contudo,  bons ou não tão bons modelos são definidos entre outras variáveis, com os números de novos casos, números de óbitos e capacidades de atendimentos em leitos de CTIs das redes hospitalares.
Números são vidas.
Vidas que tiveram ou não tiveram acesso à um leito hospitalar de CTI.
Apesar de ter sido trazido pela elite brasileira, o COVID 19, faz mais vítimas nas classes econômicamente desfavoráveis. Óbvio! A exposição ao risco de contágio e incalculavelmente maior!
Razões... faltas/ carências!
Habitação, saneamento básico, transporte coletivo, atividades laborais de alto contato, não possibilidade de fazer isolamento, segurança alimentar, falta de testagens em massa, acesso aos atendimentos medicos e hospitalares etc.
A incapacidade estatal de subsidiar as necessidades básicas da população, mata!
Eu sempre observei e dentro das minhas possibilidades enquanto cidadã,  sempre busquei cobrar a construção de políticas públicas afirmativas e reparativas de direitos,  inclusivas, que garantissem minimamente acessos à  saúde, educação,  habitação, trabalho, emprego e renda, dignos e justamente remunerados, para a erradicação da pobreza e combate as desigualdades sociais seculares, enraizadas por uma modelo capitalista,  neoliberal, patriarcal, racista, machista e homofóbico.
Modelo sócio econômico cultural reprovado por este contexto mundial de crises.
Precisamos nos convencer, que os estudos aprofundados de programas de governos devem ser feitos, discutidos e construídos por todos e para todos.
Teremos a oportunidade,  ainda esse ano, de escolhermos programas de governos municipais.
Que sejamos conscientes de quem somos e do que precisamos para existirmos minimamente, como humanos!
Ana Paula Gatiboni Faccin
💪👊😘

Carta do Direito e Dever de Mudar o Mundo: Paulo Freire

É certo que mulheres e homens podem mudar o mundo para melhor, para fazê-lo menos injusto, mas a partir da realidade concreta a que "chegam" em sua geração. E não fundadas ou fundados em devaneios, falsos sonhos sem raízes, puras ilusões. O que não é, porém, possível é sequer pensar em transformar o mundo sem sonho, sem utopia ou sem projeto.
As puras ilusões são os sonhos falsos de quem, não importa que pleno ou plena e boas intenções, faz a proposta de quimeras que, por isso mesmo, não podem realizar-se. A transformação do mundo necessita tanto do sonho quanto a indispensável autenticidade deste depende da lealdade de quem sonha ás condições históricas, materiais,aos níveis de desenvolvimento tecnológico, científico do contexto do sonhador. Os sonhos são projetos pelos quais se luta. Sua realização não se verifica facilmente, sem obstáculos. Implica, pelo contrário, avanços, recuos, marchas às vezes demoradas. Implica luta.
Na verdade, a transformação do mundo a que o sonho aspira é um ato político e seria uma ingenuidade não reconhecer que os sonhos têm seus contra-sonhos. E que o momento de que uma geração faz parte, porque histórico, revela marcas antigas que envolvem compreensões da realidade, interesses de grupos, de classes, preconceitos, gestação de ideologias que se vêm perpetuando em contradição com aspectos mais modernos.
Não há hoje, por isso mesmo, que não tenha "presenças" que, de há muito, perduram no clima cultural que caracteriza a atualidade concreta. Dai a natureza contraditória e processual de toda realidade. Neste sentido então atual o ímpeto de rebeldia contra a agressiva injustiça que caracteriza aposse da terra entre nós, de maneira eloquente encarnado pelo movimento dos trabalhadores sem-terra quanto a reação indecorosa dos latifundistas, muito mais amparados, obviamente, por uma legislação a serviço preponderantemente de seus interesses, a qualquer reforma agrária, por mais tímida que seja.
A luta pela reforma agrária representa o avanço necessário a que se opõe o atraso imobilizador do conservadorismo. Mas o que é preciso deixar claro é que o atraso imobilizador não é um estranho á realidade. Não há atualidade que não seja palco de confrontações entre força que reagem ao avanço e forças que por ele se batem. E neste sentido que se acham contraditoriamente presentes em nossa atualidade fortes marcas do nosso passado colonial, escravocrata, obstaculizando avanços da modernidade.
São marcas de um passado que, incapaz de perdurar por muito mais tempo, insiste em prolongar sua presença em prejuízo da mudança. Precisamente porque a reação imobilizante faz parte da atualidade é que ela, de um lado, tem eficácia, de outro, pode ser contestada.
A luta ideológica, política, pedagógica e ética a lhe ser dada por quem se posiciona numa opção progressista não escolhe lugar nem hora. Tanto se verifica em casa, nas relações pais, mães, filhos, filhas, quanto na escola, não importa o seu grau, ou nas relações de  trabalho. O fundamental, se sou coerentemente progressista, é testemunhar, como pai, como professor, como empregador, como empregado, como jornalista, como soldado, cientista, pesquisador ou artista, como mulher, mãe ou filha, pouco importa, o meu respeito á dignidade do outro ou da outra. Ao seu direito de ser em relação com o seu direito de ter.
Possivelmente, um dos saberes fundamentais mais requeridos para o exercício de um tal testemunho é o que se expressa na certeza de que mudar é difícil, mas é possível. É o que nos faz recusar qualquer posição fatalista que empresta a este ou aquele fator condicionante um poder determinante, diante do qual nada se pode fazer.
Por grande que seja a força condicionante da economia sobre o nosso comportamento individual e social, não posso aceitar a minha total passividade perante ela. Na medida em que aceitamos que a economia ou a tecnologia ou a ciência, pouco importa, exerce sobre nós um poder irrecorrível não temos outro caminho senão renunciar a nossa capacidade de pensar, de conjecturar, de comparar, de escolher, de decidir, de projetar, de sonhar.
Reduzida á ação de viabilizar o já determinado a política perde o sentido da luta pela concretização de sonhos diferentes. Esgota-se a eticidade de nossa presença no mundo. E neste sentido que, reconhecendo embora a indiscutível importância da forma como a sociedade organiza sua produção para entender como estamos sendo, não me é possível, pelo menos a mim, desconhecer ou minimizar a capacidade reflexiva, decisória, do ser humano. O fato mesmo de se ter ele tornado apto a reconhecer quão condicionado ou influenciado é pelas estruturas econômicas o fez também capaz de intervir na realidade condicionante. Quer dizer, saber-se condicionado e não fatalistamente submetido a este ou àquele destino abre o caminho á sua intervenção no mundo.
O contrário da intervenção é a adequação, a acomodação ou a pura adaptação à realidade que não é assim contestada. E neste sentido que entre nós, mulheres e homens, a adaptação é um momento apenas do processo de intervenção no mundo. E nisso que se funda a diferença primordial entre condicionamento e determinação. Só é possível, inclusive,falar em ética se há escolha que advém da capacidade de comparar, se há responsabilidade assumida. E por estas mesmas razões que nego a desproblematização do futuro a que sempre faço referência e que implica sua inexorabilidade. A desproblematização do futuro, numa compreensão mecanicista da história, de direita ou de esquerda, leva necessariamente à morte ou à negação autoritária do sonho, da utopia, da esperança. E que, na inteligência mecanicista, portanto determinista da história o futuro é já sabido.
A luta por um futuro já conhecido a priori prescinde de esperança. A desproblematização do futuro, não importa em nome de que, é uma ruptura com a natureza humana, social e historicamente constituindo-se.O futuro não nos faz. Nós é que nos refazemos na luta para fazê-lo.
Mecanicistas e humanistas reconhecem o poder da economia globalizada hoje. Enquanto, porém,para os primeiros nada há o que fazer em face de sua força intocável, para os segundos não apenas é possível, mas se deve lutar contra a robustez do poder dos poderosos que a globalização intensificou ao mesmo tempo que debilitou a fraqueza dos frágeis. Se as estruturas econômicas, na verdade, me dominam de maneira tão senhorial, se,moldando meu pensar, me fazem objeto dócil de sua força, como explicar a luta política, mas,sobretudo, como fazê-la e em nome de quê?
Para mim, em nome da ética, obviamente, não da ética do mercado, mas da ética universal do ser humano, para mim, em nome da necessária transformação da sociedade de que decorra a superação das injustiças desumanizantes. E tudo isso porque, condicionado pelas estruturas econômicas, não sou, porém, por elas determinado.
Se não é possível desconhecer, de um lado, que é nas condições materiais da sociedade que se gestam a luta e as transformações políticas, não é possível, de outro, negar a importância fundamental da subjetividade na história. Nem a subjetividade faz, todo poderosamente, a objetividade nem esta perfila, inapelavelmente, a subjetividade.
Para mim, não é possível falar de subjetividade a não ser se compreendida em sua dialética relação com a objetividade. Não há subjetividade na hipertrofia que a torna como fazedora da objetividade nem tampouco na minimização que a entende como puro reflexo da objetividade.
E neste sentido que só falo em subjetividade entre os seres que, inacabados, se tomaram capazes de saber se inacabados, entre os seres que se fizeram aptos de ir mais além da determinação, reduzida, assim, acondicionamento e que, assumindo-se como objetos, porque condicionados, puderam arriscar-se como sujeitos, porque não determinados. Não há, por isso mesmo, como falar-se em subjetividade nas compreensões objetivistas mecanicistas nem tampouco nas subjetivistas da história.
Só na história como possibilidade e não como determinação se percebe e se vive a subjetividade em sua dialética relação com a objetividade. E percebendo e vivendo a história como possibilidade que experimento plenamente a capacidade de comparar, de ajuizar, de escolher, de decidir, de romper. E é assim que mulheres e homens eticizam o mundo, podendo, por outro lado, tomar-se transgressores da própria ética. A escolha e a decisão, atos de sujeito, de que não podemos falar numa concepção mecanicista da história, de direita ou de esquerda, e sim na sua inteligência como tempo de possibilidade, necessariamente sublimam a importância da educação.
Da educação que, não podendo jamais ser neutra, tanto pode estar a serviço da decisão, da transformação do mundo, da inserção crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência possível das estruturas injustas, da acomodação dos seres humanos à realidade tida como intocável. Por isso, falo da educação ou da formação. Nunca do puro treinamento. Por isso, não só falo e defendo mas vivo uma prática educativa radical, estimuladora da curiosidade crítica, á procura sempre da ou das razões de ser dos fatos. E compreendendo facilmente como uma tal prática não pode ser aceita, pelo contrário, tem de ser recusada, por quem tem, na maior ou menor permanência do status quo, a defesa de seus interesses. Ou por quem, atrelado aos interesses dos poderosos, a eles ou elas serve.
Mas, porque, reconhecendo os limites da educação, formal e informal, reconheço também a sua força, assim como porque constato a possibilidade que têm os seres humanos de assumir tarefas históricas, que volto a escrever sobre certos compromissos e deveres que não podemos deixar de contrair se nossa opnião é progressista. O dever, por exemplo, de, em nenhuma circunstância, aceitar ou estimular posturas fatalistas. O dever de recusar, por isso mesmo, afirmações como: uma pena que haja tanta gente com fome entre nós, mas a realidade é assim mesmo.
"O desemprego é uma fatalidade do fim do século." "Galho que nasce torto, torto se conserva." O nosso testemunho,pelo contrário, se somos progressistas, se sonhamos com uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta, mais humana, deve ser o de quem, dizendo não do a qualquer possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do ser humano de avaliar, de comparar, de escolher, de decidir e, finalmente, de intervir no mundo. As crianças precisam crescer no exercício desta capacidade de pensar, de indagar-se e de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais do que propostos, impostos. As crianças precisam de ter assegurado o direito de aprender a decidir, o que se faz decidindo. Se as liberdades não se constituem entregues a si mesmas, mas na assunção ética de necessários limites, a assunção ética desses limites não se faz sem riscos a serem corridos por elas e pela autoridade ou autoridades com que dialeticamente se relacionam.
Recentemente participei de perto da frustração bem, "tratada" de uma avó, minha mulher, que passara vários dias cuidando de sua alegria, a de ter consigo, em casa, Marina, a neta bem-amada. Na véspera do dia esperado, a avó foi cientificada por seu filho que sua neta já não viria. Programara com amigas da vizinhança uma reunião para a criação de um clube de diversões e esportes.
Programando, a neta está aprendendo a programar e a avó não se sentiu negada ou mal querida porque a decisão da neta, com que está aprendendo a decidir, não correspondia a seu desejo. Seria uma lástima se a avó, fazendo "beicinho", expressasse um desconforto indevido em face da decisão legítima de sua neta ou que seu pai, revelando insatisfação, tentasse, autoritariamente, impor à filha que fizesse o que não queria. Isso não significa , por outro lado, que, no aprendizado de sua autonomia, a criança em geral, a neta,no caso, não aprenda também que é preciso, ás vezes, sem nenhum desrespeito á sua autonomia, atender à expectativa do outro.
Mais ainda, é necessário que acriança aprenda que a sua autonomia só se autentica no acatamento à autonomia dos outros.A tarefa progressista é assim estimular e possibilitar, nas circunstâncias mais diferentes, a capacidade de intervenção no mundo, jamais o seu contrário, o cruzamento de braços em face dos desafios. E claro e imperioso, porém, que o meu testemunho antifatalista e que a minha defesa da intervenção no mundo jamais me tornem um voluntarista inconseqüente, que não leva em consideração a existência e a força dos condicionamentos. Recusar a determinação não significa negar os condicionamentos.
Em última análise, se progressista coerente, devo permanentemente testemunhar aos filhos, aos alunos, ás filhas, aos amigos, a quem quer que seja a minha certeza de que os fatos sociais econômicos, históricos ou não se dão desta ou daquela maneira porque assim teriam de dar-se. Mais ainda, que não se acham imunes de nossa ação sobre eles. Não somos apenas objetos de sua "vontade", a eles adaptando-nos mas sujeitos históricos também, lutando por outra vontade diferente:a de mudar o mundo, não importando que esta briga dure um tempo tão prolongado que, ás vezes,nela sucumbam gerações.
O Movimento dos Sem Terra, tão ético e pedagógico quanto cheio de boniteza, não começou agora, nem há dez ou quinze, ou vinte anos. Suas raízes mais remotas se acham na rebeldia dos quilombos e, mais recentemente, na bravura de seus companheiros das Ligas Camponesas que há quarenta anos foram esmagados pelas mesmas forças retrógradas do imobilismo reacionário, colonial e perverso.
O importante porém é reconhecer que os quilombos tanto quanto os camponeses das Ligas e os sem terra de hoje todos em seu tempo, anteontem, ontem e agora sonharam e sonham o mesmo sonho, acreditaram e acreditam na imperiosa necessidade da luta na feitura da história como "façanha da liberdade". No fundo, jamais se entregariam à falsidade ideológica da frase: "a realidade é assim mesmo, não adianta lutar".
Pelo contrário, apostaram na intervenção no mundo para retificá-lo e não apenas para mantê-lo mais ou menos como está. Se os sem terra tivessem acreditado na "morte da história", da utopia, do sonho; no desaparecimento das classes sociais, na ineficácia dos testemunhos de amor à liberdade; se tivessem acreditado que a crítica ao fatalismo neoliberal é a expressão de um "neobobismo" que nada constrói; se tivessem acreditado na despolitizão da política, embutida nos discursos que falam de que o que vale hoje é "pouca conversa, menos política e só resultados", se, acreditando nos discursos oficiais,tivessem desistido das ocupações e voltado não para suas casas, mas para a negação de si mesmos,mais uma vez a reforma agrária seria arquivada.
A eles e elas, sem terra, a seu inconformismo, à sua determinação de ajudar a democratização deste país devemos mais do que ás vezes podemos pensar. E que bom seria para ampliação e a consolidação de nossa democracia, sobretudo para sua autenticidade, se outras marchas se seguissem á sua.
A marcha dos desempregados, dos injustiçados, dos que protestam contra a impunidade, dos que clamam contra a violência, contra a mentira e o desrespeito à coisa pública. A marcha dos sem teto, dos sem escola, dos sem hospital, dos renegados. A marcha esperançosa dos que sabem que mudar é possível.

1Esta carta compõe um dos livros que foram editados depois da morte de Paulo Freire,Pedagogia da Indignação. Cartas Pegógicas e outros escritos (Editora UNESP, p. 53-61), organizado por Ana Maria Araújo Freire.2Ver Paulo Freire, Pedagogia da autonomia. Saberes necessários á prática política.

terça-feira, 30 de junho de 2020

Retornando ao espaço dos Blogs

Bom dia, caros amigos, colegas, companheiros de lutas.
Após, alguns anos afastada do blog " Algumas reflexões", decidi retornar ao espaço dos blogs e reativá-lo.
Em razão, de alguns "problemas" profissionais causados pela minha forma de pertencer, perceber e expressar as relações com o divino, com o mundo, com os outros e comigo mesma, desde agosto de 2014 não fazia publicações neste espaço.
Porém, a escrita organiza meus pensamentos, ainda mais em momentos de crises e venho fazendo postagens em meu face.
Minha forma de ser e estar nesse plano, tem mostrado afinidade com outras existências e rolado uma identificação.
Contudo, a partir de hoje, pretendo realizar a escrita de textos, pensamentos e reflexões por aqui.
Quem gostar gostou, que não gostou é só não visualizar mais.

Ana Paula
💪😅😘




8 DE SETEMBRO - DIA INTERNACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO O dia 8 de setembro foi declarado dia internacional da alfabetização pela UNESCO em 26 de...