Hoje conheci uma pessoa muito especial,
na verdade já a conhecia mas, não lembrava. Ela foi uma das primeiras
pessoas a chegar no local onde me acidentei, ficou segurando minha mão,
rezou, conversou comigo, tentou me passar segurança até que o resgate
chegasse.
Eu não lembro de nada e
talvez nunca mais lembrarei, como mecanismo de defesa minha mente apagou
os momentos traumáticos que sofri.
Após
um ano e oito meses, tive coragem de encontrá-la, abraçá-la,
agradecê-la, talvez até tenha demorado demais a fazer isso, mas, não
sabia como seria este encontro, sabia que ía mexer muito comigo, com
lembranças, talvez retomar páginas já viradas etc. Entretanto, hoje, na
vinda para o trabalho, tomei a decisão, precisava cenhecê-la, ver seu
rosto, seus traços, enfim, saber quem era essa bondosa senhora. Então,
pedi informações a uma colega e fui encontrá-la.
Quando
cheguei em sua casa, ela estava cuidando de sua horta e de seus
animais, logo que viu o carro parou e veio ao meu encontro, então desci,
tirei os óculos e perguntei se ela era Dona Irani Nadalon, ela
respondeu que sim, perguntei se ela lembrava de mim, ela me olhou bem
nos olhos, perguntei se ela ainda sabia rezar e ela logo me reconheceu e
colocou-se a chorar (me contaram que eu havia perguntado a ela, quando
ela chegou no local do acidente, se ela sabia rezar e que ela havia
respondido que sim, que então pedi que ela rezasse muito por mim porque
eu ía precisar).
Conversamos durante muito tempo,
percebi em cada palavra daquela senhora fé, esperança e amor, amor
desmedido a cada criatura divina. Pude compreender naquele momento o que
seria o "Amor ao Próximo" e que num determinado período de nossas
existências ela dedicou o que havia de mais puro para que eu ficasse
bem, sem nunca ter me visto antes e sem garantia aguma que fosse me ver
novamente. Sou grata à Dona Irani, à sua fé e aos seus votos de Amor ao
Próximo, pois, sem dúvida alguma foram determinantes para minha sobrevivência dada a gravidade do acidente. São esses os exemplos que merecem ser seguidos, são essas as pessoas que fazem com que ainda possamos acreditar na humanidade.
Sem mais palavras...
Ana Paula