sábado, 11 de julho de 2020


39 anos atrás, em tempos difíceis, talvez um pouco mais obscuros que os tempos de hoje, o Cpers fincava a sua bandeira na Terra dos Poetas, fundando o 29º Núcleo Cpers Santiago.Uma valorosa geração de ousados professores, resistentes e resilientes, que enfrentaram as censuras e as violências de um regime militar, tendo a coragem de resistir, levantando uma bandeira sindical, no interior do estado do RS.
Bandeira esta que serve de manto, de lenço e de escudo para mais de 1.300,00 associados, que permanecem fortes e aguerridos, na luta contra os ataques liberais à escola pública. Fazendo a defesa do direito à educação pública de qualidade, à todos os nascidos neste chão. Defendendo os direitos dos trabalhadores da educação. Acreditando na educação, como oportunidade de superação  das gritantes desigualdades sociais de nosso país.

Não nascemos sindicalistas, nem conseguimos compreender tão cedo a luta de classes. No último um ano e meio, tive a oportunidade de conhecer pessoas e participar de algumas atividades sindicais com o 29º Núcleo e com o Cpers Estadual. Reencontrando experientes professores e professoras, hoje colegas, para sempre exemplos/ modelos profissionais. Conseguimos conviver, considerar, respeitar e valorizar experiências de nossos veteranos, somando a inquietação, o barulho e a rebeldia da juventude.

A Praça da Matriz, de frente ao Palácio Piratini e à Assembléia Legislativa do RS, em 2019, foi o palco para o maior levante da história do Magistério Gaúcho. De dezenas de ônibus, desciam trabalhadores  vindos de caravanas de todo o Estado, formando um formigueiro humano. Enfrentamos noites sem dormir, sol escaldante, chuvas torrenciais, cansaço físico e exaustão emocional. Choramos, cantamos, gritamos, abraçados embaixo da mesma bandeira amarela. Negligenciamos tempo com a família, compramos desgastes com colegas e direções de escolas. Expomos nossas misérias e vergonhas à sociedade. Suplicamos apoio das comunidades escolares. Denunciamos o projeto liberal de estado mínimo e suas consequências aos serviços públicos prestados à todos os cidadãos. Pedimos proteção espiritual e saúde, para a luta não abandonarmos. Dividimos o café, o chimarrão e todo o tipo de preocupação. Aprendemos a confiar, a cuidar e a contar uns com os outros, formando uma rede de solidariedade e conforto emocional.

Tempos difíceis, de retirada de direitos dos trabalhadores e de judicialização do direito constitucional de greve. Tempos de incertezas e de nenhuma segurança jurídica! Tempos de lutas!

E o que ganhamos? Ganhamos dignidade!

Obrigada, caros companheiros de lutas, por permitirem que eu esteja na mesma trincheira que vocês!
Obrigada por estarmos do lado certo da história!
Obrigada por sermos resistência e resiliência!
#UmaBoaLuta
Ana Paula Gatiboni Faccin



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