sábado, 9 de março de 2013

Crônica do Bolo Sol


Crônica do "Bolo Sol"
Nunca, jamais, em toda minha vida, consegui fazer um bolo, nem bolo "Sol" eu consigo acertar.
A algum tempo, eu ficava frustrada com isso, afinal, todas as mulheres que eu conhecia, sabiam fazer um bolo, assim como, apresentavam algum outro "dom", como pintura, bordado ou, em pior dos casos, sabiam pelo menos pregar um botão. Mas, eu não sabia, se quisesse aprender, até que arrumaria excelentes mestres como as avós e tias, contudo, eu nunca tive interesse. Pensando um pouco mais sobre os "dons", percebi que eles são passados (construídos) ou não pela sua mãe, pois, não esqueçamos que são as mamães que dizem o que os meninos podem fazer e as meninas não e assim por diante... percebi então, que a minha não havia me dado, muito menos incentivado esses dons, pois, ela não acreditava mais nesta felicidade submissa, puramente doméstica que as mulheres detinham. Eu e minha irmã não brincávamos de casinha, em fazer comidinha e todas essas brincadeirinhas de menina, lembra Aline Gatiboni Faccin, brincávamos com os meninos, de caminhão, de mercadinho, minha irmã colocava o sapato de salto de minha mãe e saia para "trabalhar". Crescemos, sem "dons" domésticos, com algum empenho sai um prato, mas, continuo sem conseguir acertar as receitas de bolo, rsrsrsr... Logo percebi que existem muitas outras mulheres sem "dons" como eu, contudo, cheias de competências em suas escolhas profissionais. Hoje, já sábado pela manhã, em uma atividade, em um dos meus trabalhos, durante uma fala, num grupo de formação de monitoras e estagiárias para EMEI, me lembrei da história do "Bolo Sol" e, finalmente, a ficha caiu, entendi as razões pelas quais eu nunca consegui acertar... não aceito em minha vida nenhuma receita pronta, imposta, inquestionável... Um feliz nosso dia atrasado, a todos os mulherões que não sabem fazer bolo, nem pregar botões, rsrsrsrsrsrsrs...

Apesar de toda a loucura que é o dia a dia da "mulher moderna", ou seja, das exigências do papel social que a mulher ocupa nos dias atuais, com a passagem de 8 de março, inevitavelmente, cada uma de nós, em algum momento, nem que seja por algum segundo, refletiu sobre o significado não somente da Data, mas, a tudo a que ela nos remete. Pensamos sim nas "conquistas", se é que assim podemos chamar, rsrs... desde o direito ao voto até a formação, qualificação para o trabalho etc. Contudo, precisamos e devemos pensar, para que a luta por uma sociedade mais justa, igualitária possa continuar, nas condições desumanas que muitas de nós ainda vivem. Condições fortemente enraizadas pela nossa cultura, como a violência doméstica, diferenças salariais, assédio sexual, assédio moral, dupla, tripla jornada, dificuldades de acesso as redes de saúde para exames pré natais, atendimentos em escolas de educação infantil para que a mulher possa trabalhar, enfim, tantas e infinitas dificuldades que somente nós parecemos enxergar. E amiga, fico feliz, imensamente feliz, se sua vida, neste momento, está legal e vc consegue sentir-se bem enquanto mulher, mas, desconfio... Pois, se é MULHER teu coração chora com a dificuldade de outra mulher!!! Que possamos buscar, cada vez mais, cada uma dentro do papél social que ocupa, seja lá como professora, enfermeira, advogada, juíza, babá, mudar essas condições, muitas vezes desumanas, de trabalho, renda, saúde etc.
Um abraço, atrasado pela correria, mas, carinhoso, a todas as Mulheres, especialmente, a minha mãe que é um "Mulherão"...

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