terça-feira, 1 de novembro de 2011

"A idade e a mudança"... Lya Luft

"Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.   
  Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres  de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.   
  Foi um momento inesquecível...  A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
     Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência,
e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?
Onde é que nós estamos?'
Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.
    Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
  Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se 'mudança'.
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
  A única maneira de ser idoso sem envelhecer
é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
  Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
  Mudança, o que vem a ser tal coisa?
  Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme
em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
  Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
  Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
  Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom,
só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
  Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.  
  Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros,
a vida se desestabiliza.
  Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
  Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem,
só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
  Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.  Olhe-se no espelho..."

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